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REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA: Conhecer, corrigir, honrar e cumprir nosso destino revolucionário - Por Liana Cirne
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Hoje é aniversário da Revolução Pernambucana, um capítulo que foi deliberadamente excluído dos livros de história do Brasil.

A gente estuda as inconfidências mineira e baiana, mas não conhece nossa própria revolução. Em Pernambuco, nós rompemos com o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, para encampar o primeiro Movimento Constitucionalista do Brasil.

O feriado de 06 de março é o resgate do direito à nossa memória, muitas vezes contada pela metade. Pernambuco foi a capitania que primeiro encampou, no Brasil, os princípios iluministas de igualdade, liberdade e fraternidade e os anseios por uma Constituição, inspirada nos movimentos constitucionalistas do século XVIII.

Ao contrário do que se alardeia, a luta não era apenas contra impostos. A luta era contra as injustiças do império. 

Pernambuco foi forçado a pagar a taxa de iluminação pública do Rio de Janeiro, enquanto nossas cidades permaneciam sem luz.

Em 06 de março, o governo imperial ordenou a prisão de Domingos José Martins, do Padre João Ribeiro e de Cruz Cabugá, líderes da Revolução, a fim de impedir que um motim viesse a acontecer.

Entretanto, já no Forte das Cinco Pontas, ocorreu um levante dos próprios militares. Os oficiais revolucionários não se subordinaram às ordens do governador, e o capitão José de Barros Lima, o Leão Coroado, reagiu à voz de prisão do seu comandante, matando-o com golpes de espada.

Assim eclodiu a Revolução Pernambucana.

Durante 75 dias, Pernambuco foi uma república. Chegou a ter uma Lei Orgânica da República de Pernambuco, provisória, até que a Constituição fosse criada, em que previa a separação de poderes e mecanismos de limites e controles, com decretação da liberdade de culto e de imprensa, novidades radicais para o contexto, motivo pelo qual a Revolução Pernambucana pode ser considerada o mais importante dos movimentos anticoloniais.

Pernambuco chegou a ter um embaixador, Cruz Cabugá, que viajou ao exterior em busca de reconhecimento da nova República e de acordos comerciais.

Há quem afirme que a Revolução Pernambucana foi viável em razão da participação política, intelectual e militar das pessoas negras livres e libertas, que compunham 41% da população do estado, a maior do Brasil. 

Coexistindo com isso, a defesa da perpetuação escravagista era ditada pela pujança econômica decorrente do comércio do algodão, do açúcar e do tráfico de pessoas escravizadas.

Obviamente era insustentável defender ideias iluministas e libertárias, de um lado, e a permanência da escravidão, de outro. A prevalência da mentalidade escravagista marcou as maiores dissidências internas do movimento revolucionário, podendo ser considerada como principal razão para o fracasso do movimento revolucionário.

 

Pernambuco deve a si mesmo o conhecimento desse aspecto da Revolução Pernambucana e das participações destacadas (e omitidas dos livros) de nomes de suas lideranças negras, como o do alfaiate José do Ó Barbosa, que confeccionou a primeira bandeira da República de Pernambuco, que segue sendo nossa bandeira. 

Enquanto o movimento revolucionário enfraquecia e se dividia internamente, o império respondeu à Revolução Pernambucana de forma imediata, cruel e sanguinolenta: decapitando e decepando seus líderes e seguidores, condenados à morte pelo crime de lesa-majestade, deixando um rastro de horror pelas ruas de Recife e Olinda. Hoje, enquanto todo país enfrenta uma luta contra o fascismo e todo discurso de ódio, vale resgatar nossa História, para que possamos aprender e corrigir nossos erros, honrar a coragem de nossos antepassados e cumprir nosso destino revolucionário.

Para saber mais, consulte:

ANDRADE, Manoel Correia. Pernambuco – Cinco Séculos de Colonização. Recife: Editora Grafset.
SILVA, Luiz Geraldo. Afrodescendentes livres e libertos foram centrais para a revolução de 1817. Entrevista concedida a João Vitor Santos. IHU On-Line Revista do Instituto Humanistas UNISINOS.. Disponível em: https://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/7059-afrodescendentes-livres-e-libertos-foram-centrais-para-a-revolucao-de-1817 

VASCONCELLOS, Pedro Lima; LOPES, Mauro. O Levante Massacrado - Revolução Pernambucana 1817. In: "Retalhos da Nossa História". YouTube, publicado em 30/07/2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=c3GC2HSHaqo

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