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Foto do escritorLiana Cirne Lins

Uma Paixão de Páscoa: a Homilia de Frei Aloísio para o Domingo de Ramos

Atualizado: 27 de mar.



Às vezes a ritualística da Santa Missa faz com que caiamos na mera repetição mecânica da Liturgia Eucarística.

Hoje, porém, quando Frei Aloísio pronunciou as palavras "estando para ser entregue e abraçando livremente a paixão", algo novo se abriu em minha compreensão.

Com ramos nas mãos, ouvimos que quando Jesus entrava em Jerusalém, muitos estendiam mantos e ramos e gritavam "Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!" (Mc 11:9). Uma semana depois, as mesmas pessoas gritavam: "Crucifica-o! (Lc 23:21)"

Muito poderíamos cogitar acerca da volatilidade da vontade de homens e mulheres e das razões que transformaram tão radicalmente a percepção que tinham de Cristo, em tão pouco tempo.

Mas esta reflexão é sobre o fato de que Jesus conhecia seu destino ao adentrar Jerusalém. Os louvores não o enganaram: Ele sabia qual era o destino que ali iria cumprir e, conhecendo o martírio, abraçou livremente a paixão.

Frei Aloísio convida-nos então à reflexão sobre nossa própria Cruz e sobre como com ela lidamos. Embora Deus nos tenha feito para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância (Jo 10:10), a Cruz é um destino comum de homens e mulheres.

Por quais motivos então a ela resistimos tão fortemente? Por que a ela não nos entregamos livremente?

Isso não significa se entregar à tristeza, à depressão, à doença, ao pessimismo, aos problemas. Ao contrário: ao abraçarmos a Cruz, compreendemos que ela faz parte de nossa vida e dela podemos extrair força para o enfrentamento das adversidades e para nosso próprio renascimento.

Conversando com meu filho sobre as palavras de Frei Aloísio, Pedro refletiu que mesmo Jesus teve três dias para que sua ressurreição acontecesse. 1

Diante da dor, da doença, da morte, da humilhação, renascer toma tempo: não é um processo automático.

Mas se carregamos a Cruz em nosso peito, em sinal de nossa fé, por que dela temos medo?

Disse Frei Aloísio: há quem não consiga abraçar a paixão - do latim passio, sofrimento - e implore compaixão. Entretanto, a superação da dor é subjetiva e nos oferece uma possibilidade pessoal de revigoramento e ressurgência. 

Precisamos estar dispostos a abraçar livremente a paixão, se quisermos viver nossa Páscoa.



Serviço:

Confissões comunitárias durante a Semana Santa

Frei Aloísio

Terça (26) e quarta (27): 19h

Quinta (28), sexta (29) e sábado (30): 9h

Paróquia do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora

Rua Joaquim Nabuco, 237, Graças, Recife


1 Para ler sobre a importância de Maria e Madalena no testemunho da Ressurreição, convido à leitura de outro texto: Uma Liturgia feminista de Páscoa, escrito a partir das reflexões do Monge Marcelo Barros. Disponível em: https://midianinja.org/lianacirne/uma-liturgia-feminista-de-pascoa/


 






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